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26 de dez. de 2011

LÓGICA POLIALÉTICA


A lógica dicotômica do terceiro excluído é aplicada a muitas situações, especialmente em computação e em alguns raciocínios, quando a natureza do objeto das premissas assim o for.
A lógica do terceiro incluído é como a dialética hegeliana em que A e não A (tese e antítese) acarretam uma síntese. Esta lógica ainda é dicotômica.
A natureza (isto é, fundamentalmente, a física quântica) parece seguir uma lógica policotômica ou difusa, em que, entre A e não A existe um gradação contínua de possibilidades.
Além disso as possibilidades não se distribuem apenas ao longo de um eixo mas ao longo de uma infinidade de possíveis eixos, todos perpendiculares entre si.
Isto é o que se chama de um “Espaço de Hilbert” que é um caso particular de um “Espaço de Banach”, com norma da da pelo produto interno.

Operações lógicas podem ser carreadas com elementos desse espaço como negação, adição (ou) , produto (e), causação (se,então) etc (como uma álgebra de Boole normal).
Este é o espaço dos possíveis estado de um sistema em mecânica quântica.
Tais considerações podem ser estendidas a realidades não físicas, como, por exemplo, política. Em política não temos apenas uma distribuição contínua ao longo do eixo econômico socialista-capitalista. Temos também distribuições independentes ao longo do eixo da liberdade-coação, ou do eixo progressista-conservador. A posição de um político ou eleitor pode ser dada, nesta visão, por uma tripla de números (vetor tridimensional). O mesmo ocorre com a percepção da cor, de odores, de sons. E até de atribuição de valores como belo-feio, bom-ruim, quente-frio, caro-barato, rico-pobre etc.
Isto é o que eu chamo de lógica polialética difusa, que, inclusive, é a lógica das decisões inconscientes, que são levadas ao nível da consciência apenas para encontrar justificativas para o que o inconsciente já decidiu.

Considero que o conceito de dialógica pode ser extendido além do proposto por Morin em vários aspectos:
Primeiramente que não há apenas um terceiro a ser incluído além da antinomínia A e ~A, pois, em geral, na natureza, o valor veritativo de uma assertiva a respeito de qualquer coisa ou fato possui um espectro contínuo de possibilidades entre esses extremos.
Segundo que a respeito de qualquer coisa ou fato pode-se fazer afirmações (ou negações) que, além de serem distribuidas difusamente ao longo de um eixo, também se situam em vários outros eixos, compondo um universo multidimensional de possibilidades.
A isto eu dou o nome de Polialética ou, se preferir, polilógica, que inclui a lógica difusa numa concepção multidimensional.
Isto tudo tem que ser considerado de uma forma estocástica, isto é, os fatores que contribuem para a geração da resposta são variáveis aleatórias, às quais não se atribui um valor determinístico de contribuição, mas sim, probabilístico.
Outro aspecto fundamental é que a síntese que surge dessas considerações não é gerada linearmente a partir das proposições elementares, mas sim de uma forma que inclui não linearidades, como reforços (incluindo de potências não inteiras, mas que podem ser transformados em uma série de Laurent de potências inteiras positivas e negativas), interferências cruzadas, retroalimentações e contribuições do complemento da união das partes em relação ao universo.
Tal “reducionismo não linear”, no meu entendimento, dá conta de explicar o que se denomina “holismo”, de uma forma inteiramente consistente com uma abordagem lógica (nesse sentido ampliado).
Certamente que, na grande maioria dos casos, não se tem a informação para definir cada probabilidade, mas isto não significa que, teoricamente, ela não seja possível de saber, nem que seja por uma medida “a posteriori” em um experimento com um grande número de repetições nas mesmas condições.

Assim considerando, pode-se ver que o princípio de causalidade, como o determinismo, não é uma propriedade fundamental e universal de toda relação elementar entre eventos, mas decorre da “lei dos grandes números”, ao se considerar sistemas de porte macroscópico. No mundo microscópico de partículas elementares e, mesmo, de conglomerados de poucas delas, como átomos e moléculas, vigora o indeterminismo e a incausalidade. Por outro lado, a causalidade e o determinismo também deixam de vigorar no extremo oposto, em que a imensa multiplicidade de fatores determinantes gera o caos, por divergência de respostas finais em relação às pequenas variações dos valores de entrada (instabilidade das soluções de sistemas dinâmicos).
O estudo do caos na formação dos braços espirais das galáxias, por exemplo, é algo fantástico, o mesmo se dando, em proporções menores, com as órbitas dos asteróides no Sistema Solar, sem falar no comportamento climático da atmosfera terrestre.
Acho isto tudo de uma beleza fascinante.
É preciso que fique bem claro que a noção de que todo evento seja um efeito (isto é, que possua causa) é falsa, pois advém de um raciocínio indutivo a partir da constatação de casos particulares que são os que situam-se no domínio de tempos e dimensões acessíveis à percepção humana, nos quais a causalidade é generalizada. No domínio microscópico existem miríades de ocorrências incausadas, presentes a todo momento, como o decaimento radioativo e a emissão de fótons por átomos excitados (que é o modo como a luz é produzida em qualquer fonte). Como se sabe, basta um contra exemplo para derrubar uma conclusão por indução.

Fonte:http://www.ruckert.pro.br/blog/?p=3429

11 de nov. de 2011

A Matemática no Brasil


Vice-presidente da SBM fala a Veja sobre a Matemática no Brasil

O Brasil acumula alguns tristes índices de educação, especialmente na área de matemática. Os números provam isso: apenas 11% dos alunos do ensino médio concluem esse ciclo sabendo o que deveriam, de acordo com dados do movimento Todos Pela Educação. A mais recente medição apontou que o problema começa nas séries iniciais. Segundo a Prova ABC, ao fim do terceiro ano do ensino fundamental, metade das crianças não domina operações simples de soma e subtração. No Pisa, avaliação internacional aplicada pela OCDE, os alunos brasileiros estão 241 pontos atrás dos chineses, líderes do ranking, em matemática. Para Marcelo Viana, vice-presidente da Sociedade Brasileira da Matemática (SBM), o problema é provocado principalmente pela distância – no tempo e no espaço – entre a teoria abstrata que chega à sala de aula e o mundo concreto que se vê fora da escola. "No processo de transmissão desse conhecimento pela escola, os professores optam por apresentar a disciplina de maneira abstrata, ao invés de conectá-la à realidade", diz Viana. Atualizar a matemática das escolas e aproximá-la da realidade não implica simplificação, ressalva o matemático. Basta encontrar a maneira correta de fazê-lo. "É possível explicar tudo isso a qualquer estudante." Viana conversou com nossa reportagem sobre o desafio da matemática para a série de reportagens de VEJA sobre o impacto da educação e do ensino das ciências no desenvolvimento do país. Confira a seguir a entrevista.

Por que ensinar matemática é um desafio tão grande?

A matemática é um conjunto de conhecimentos abstratos que encontram uma correspondência com o mundo concreto. Porém, no processo de transmissão desse conhecimento pela escola, os professores optam por apresentar a disciplina de maneira abstrata, ao invés de conectá-la à realidade. O modo correto de fazer com que o estudante aprecie esse conhecimento não é começar pela teoria, mas, sim, relacionando o ensinamento com o cotidiano. Só então, chega-se à abstração, que é natural da matemática.

Alguns especialistas dizem essa dificuldade de aproximar teoria e prática é devida ao fato de o ensino da matemática estar parado no tempo. O senhor concorda?

Esse é um dos fatores. Leva-se muito tempo para incorporar as inovações da matemática nos currículos escolares. Isso é, na verdade, um problema antigo. No início do século XX, houve um esforço muito grande para que fossem incorporadas as inovações do século XIX. Agora, os especialistas estão empenhados em esforço similar, ou seja, de incorporar nos currículos do século XXI as transformações do século XX. As tecnologias, os novos programas, a internet – tudo isso transformou a matemática. O Google só foi possível com a matemática do século XX.

O senhor pode dar exemplos das transformações do século XX que precisam ser incorporadas?

Sim. A matemática discreta, por exemplo, por meio da qual medimos objetos muito grandes mas finitos e que é muito utilizada na ciência da computação. Outro ponto é a teoria do caos, que tem inúmeras aplicações para resolver problemas de grande complexidade em uma velocidade grande. Existem também os algoritmos, que são regras criadas para resolver problemas complexos, como se quiséssemos organizar por ordem alfabética os nomes dos 200 milhões de brasileiros.

É possível ensinar esse tipo de conteúdo para alunos da educação básica?

Com certeza. Algumas áreas são técnicas e exigem pré-requisitos elaborados. Mas existem muitos aspectos elementares desses conteúdos – digo elementares não por serem fáceis, mas por exigirem poucos pré-requisitos. É possível explicar tudo isso a qualquer estudante.

Para isso é preciso professores capacitados, correto? Sim. A dificuldade atualmente é a capacitação do professor, que é hoje um dos grandes gargalos da educação. A capacitação inicial e continuada desse profissional ainda é muito frágil.

Como fica nosso futuro científico se falharmos na missão de aproximar a matemática das crianças e dos jovens?

O Brasil conseguiu nas últimas décadas a façanha de construir um sistema científico sem ter uma educação razoável. Nossa ciência atingiu um patamar louvável para um país sem estrutura científica. Mas não é possível seguir dessa maneira. Precisamos dar um salto quantitativo e qualitativo para nos aproximar dos países mais desenvolvidos do mundo. A única forma de conseguir isso é universalizando o acesso à ciência, permitindo que ela chegue a todos e que todos possam se apaixonar e se dedicar a ela.

Como fazer isso?

É preciso inclusão. Temos boas escolas nos país. Nossos melhores alunos são comparáveis aos melhores alunos dos melhores países. Em competições internacionais, ganhamos diversas medalhas em matemática, física e robótica, por exemplo. O problema é que nosso nível médio é ruim. Nossos alunos medianos são ruins. É esse o grande problema da educação.

O país está disposto a fazer esse investimento em ciência?

É o futuro do país que está em jogo. Se não investirmos nisso agora, não investiremos nunca mais. Está provado que é possível fazer essa revolução investindo em educação e democratização científica. A Noruega era um país em desenvolvimento até pouco tempo atrás. Graças ao investimento em educação, é uma grande nação. A Finlândia era um país em que os moradores migravam porque não havia oportunidade. Hoje, é referência em diversos campos. O Japão, idem. A China está se transformando e está investindo em ciência. Ela, um país continental como o nosso, mostra que é possível fazer isso em grande escala. Todos esses países se transformaram porque investiram.

4 de nov. de 2011

Rede capitalista

Matemáticos revelam rede capitalista que domina o mundo

                 Este gráfico mostra as interconexões entre o grupo de 1.318 empresas transnacionais que formam o núcleo da economia mundial. O tamanho de cada ponto representa o tamanho da receita de cada uma.

Além das ideologias
Conforme os protestos contra o capitalismo se espalham pelo mundo, os manifestantes vão ganhando novos argumentos.
Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas - sobretudo bancos - tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global.
A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça.
Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.
"A realidade é complexa demais, nós temos que ir além dos dogmas, sejam eles das teorias da conspiração ou do livre mercado," afirmou James Glattfelder, um dos autores do trabalho. "Nossa análise é baseada na realidade."
Rede de controle econômico mundial
A análise usa a mesma matemática empregada há décadas para criar modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente.
O resultado é um mapa que traça a rede de controle entre as grandes empresas transnacionais em nível global.
Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de propriedade, não podendo, portanto, ser usados para dizer como a rede de controle econômico poderia afetar a economia mundial - tornando-a mais ou menos instável, por exemplo.
O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores.
A análise identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.
Poder econômico mundial

Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas - na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas.
Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo - as chamadas blue chips nos mercados de ações.
Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo.
E isso não é tudo.
Super-entidade econômica
Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma "super-entidade" de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas.
"Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira," diz Glattfelder.
E a maioria delas são bancos.
Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.
Como o mundo viu durante a crise de 2008, essas redes são muito instáveis: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se propague automaticamente por toda a rede, levando consigo a economia mundial como um todo.
Eles ponderam, contudo, que essa super-entidade pode não ser o resultado de uma conspiração - 147 empresas seria um número grande demais para sustentar um conluio qualquer.
A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.
Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum - e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede.
As 50 primeiras das 147 empresas transnacionais super conectadas
  1. Barclays plc
  2. Capital Group Companies Inc
  3. FMR Corporation
  4. AXA
  5. State Street Corporation
  6. JP Morgan Chase & Co
  7. Legal & General Group plc
  8. Vanguard Group Inc
  9. UBS AG
  10. Merrill Lynch & Co Inc
  11. Wellington Management Co LLP
  12. Deutsche Bank AG
  13. Franklin Resources Inc
  14. Credit Suisse Group
  15. Walton Enterprises LLC
  16. Bank of New York Mellon Corp
  17. Natixis
  18. Goldman Sachs Group Inc
  19. T Rowe Price Group Inc
  20. Legg Mason Inc
  21. Morgan Stanley
  22. Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
  23. Northern Trust Corporation
  24. Société Générale
  25. Bank of America Corporation
  26. Lloyds TSB Group plc
  27. Invesco plc
  28. Allianz SE 29. TIAA
  29. Old Mutual Public Limited Company
  30. Aviva plc
  31. Schroders plc
  32. Dodge & Cox
  33. Lehman Brothers Holdings Inc*
  34. Sun Life Financial Inc
  35. Standard Life plc
  36. CNCE
  37. Nomura Holdings Inc
  38. The Depository Trust Company
  39. Massachusetts Mutual Life Insurance
  40. ING Groep NV
  41. Brandes Investment Partners LP
  42. Unicredito Italiano SPA
  43. Deposit Insurance Corporation of Japan
  44. Vereniging Aegon
  45. BNP Paribas
  46. Affiliated Managers Group Inc
  47. Resona Holdings Inc
  48. Capital Group International Inc
  49. China Petrochemical Group Company

Bibliografia:
The network of global corporate control
Stefania Vitali, James B. Glattfelder, Stefano Battiston
arXiv
19 Sep 2011
http://arxiv.org/abs/1107.5728

 

6 de set. de 2011

O Universo Elegante

A MATEMÁTICA DA BELEZA





O belo segue princípios que o artista aprende olhando o mundo

Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA) e autor do livro "A Harmonia do Mundo”. Artigo publicado na “Folha de SP”:

O que conchas de caracóis, galáxias, furacões, os chifres de um bode e a curva do seu lábio superior têm em comum? Todos seguem a mesma curva fundamental, a espiral logarítmica. Não, seus lábios não são uma espiral, mas parte dela.

Todas essas formas, além de revelarem uma elegância única, atestam também uma unidade nos processos criativos que existem no mundo natural. No caso da espiral, ela surge quando a parte externa de um objeto cresce mais rapidamente do que a interna.

Observar e apreciar a beleza das espirais equivalem a olhar para o mundo com os olhos de um artista e de um matemático ao mesmo tempo. Por trás dessas e muitas outras formas, existe um número mágico, a chamada seção áurea ou proporção divina, 1,618.

O número aparece na famosa série de Fibonacci, o italiano que em 1202 escreveu um manual de matemática chamado "Livro do Ábaco". Nele, Fibonacci examinou a série de números obtidos ao somarmos os dois anteriores: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144...

Quando dividimos um número pelo seu antecessor, a série converge para a seção áurea. Por exemplo, 34/21 = 1,6190..., e 144/89 = 1,61798... Aliás, é essa a razão aproximada da sua altura e da altura do seu umbigo até o chão.

A sessão áurea define as proporções do retângulo áureo (o lado maior 1,618 vez maior do que o menor). A espiral logarítmica cabe dentro desse retângulo áureo.

Deles surge também o triângulo áureo, um triângulo isósceles (dois lados iguais) com ângulos de 72-36-72. Essas formas aparecem e reaparecem na natureza e na organização espacial de inúmeras obras de arte. Por exemplo, a Mona Lisa, talvez o quadro mais famoso do mundo, pintado por Leonardo da Vinci e terminado em 1507, respeita várias proporções áureas: a cabeça e o torso da modelo cabem num retângulo áureo e seu corpo e cabeça, num triângulo áureo.

Seu olho esquerdo divide o quadro ao meio, dando-lhe a dimensão psicológica que o tornou imortal.

Acabo de ler o livro "Math and the Mona Lisa" (A Matemática e a Mona Lisa) do físico e ilustrador Bülent Atalay. O livro sairá em breve no Brasil pela editora Mercúrio Jovem. Nele, o autor explora uma pergunta essencial, usando Da Vinci como inspiração: Até que ponto é possível integrar os princípios criativos da arte e da ciência?

A escolha de Leonardo não é acidental. Deixando de lado o furor recente provocado pelo livro "O Código Da Vinci", de Dan Brown, Leonardo, mais do que qualquer personagem da história, encarna a união da razão e da sensibilidade artística. "Olhe para a natureza e deixe-a ser sua mentora", afirmou. Para Leonardo, a natureza obedece a regras estéticas ditadas pela matemática, a matemática da beleza.

Mesmo que não tenha declarado explicitamente que seus quadros e ilustrações foram criados a partir de proporções baseadas na seção áurea, ela aparece em várias ocasiões.

Seus projetos tecnológicos, como máquinas voadoras, submarinos, pára-quedas e catapultas, bem como seus quadros e desenhos anatômicos, são prova de que ele seguia à risca seu próprio conselho, usando as soluções estéticas encontradas na natureza para criar suas obras. A construção da beleza segue princípios científicos que o artista aprende olhando para o mundo.

Para Leonardo da Vinci, ciência e arte eram uma coisa só, um veículo de expressão cuja função era recriar a beleza das formas naturais. A natureza era sua grande mestra.
(Folha de SP, 18/3)


Leia também... A simetria do acasalamento




4 de set. de 2011

Proporção áurea - A beleza das faces


       A proporção áurea, número de ouro, número áureo, proporção dourada, também é chamada de divina proporção é uma constante real algébrica irracional manifesta pela letra grega φ (phi) e com o valor arredondado a três casas decimais de 1,618. É um número que há muito tempo é empregado na arte.



       É proporção geométrica mais conhecida e usada na pintura, escultura e arquitectara clássicas, renascentistas e pós-modernistas que se baseia no seguinte princípio:
"seccionar um segmento de reta de tal forma que a parte menor esteja para a maior como este está para o todo".






       Um homem de ciência: Leonardo da Vinci,  afirmava que a arte deveria manifestar por ela própria um movimento contínuo e beleza. Para se atingir este fim, Leonardo utilizou extensivamente o rectângulo de Ouro nas suas obras.  


         A designação adaptada para este número,  φ  (Phi maiúsculo), é a inicial do nome de Fídias que foi escultor e arquitecto encarregado da construção do Pártenon, em Atenas.
  
Estes elementos são encontrados facilmente na natureza.


     O φ (Phi) é um número misterioso que tem algumas quantidades relacionadas e formas, e ele aparece nas proporções do corpo humano e outros animais, nas plantas, no DNA, no sistema solar, na arte e na arquitetura, na música, etc.
     Mas como aqui tratamos de arte especificamente retratos vamos as divinas proporções em um rosto super conhecido da Angelina Jolie.
      
  

    Aqui foi usada a máscara que do Dr. Stephen Marquardt, um ex-cirurgião plástico, que usou a secção áurea para fazer uma máscara que ele afirma que é a forma mais bonita de rosto humano pode ter, usando pentágonos como sua função, que incorpora φ (Phi) em todos os as suas dimensões. Usando também a proporção áurea tracei linhas sobre o rosto mostrando separadamente a proporção aplicada ao rosto da Angelina Jolie.
      Aqui fiz uma brincadeira recortei o rosto pela metade e dupliquei espelhado, vejam que mesmo assim Angelina Jolie é linda de todo jeito  "a simetria do rosto é quase perfeita, sabemos que as duas faces do rosto não são 100% iguais e as pessoas que tem a simetria e proporção das duas metades mais aproximadas são assim consideradas mais 'bonitas' mas como dizem beleza está nos olhos de quem vê"
       Aqui crie um esquema simples de proporção de rosto baseado no livro Desenhando com Lado Direito do Cérebro marcando algumas distancias com linhas diretrizes verticais e horizontais a partir dai você pode conseguir um esboço bem proporcional da foto que vai retratar =D



Fonte:

Máscara: 
SIMETRIAS: MAIS: 

Fermat

Jurista e magistrado por profissão, Pierre de Fermat (1601-1665), dedicava à Matemática apenas suas horas de lazer e, mesmo assim, foi considerado por Pascal o maior matemático de seu tempo. 
Coube à Fermat a entronização de eixos perpendiculares, a descoberta das equações da reta e da circunferência, e as equações mais simples de elipses, parábolas e hipérboles. Por mérito, as coordenadas cartesianas deviam denominar-se coordenadas fermatianas.

Cartesius é a forma latinizada de Descartes (René). Foi mais filósofo que matemático e em sua obra Discours de la Méthode (3º apêndice, La Géométrie), publicada em 1637, limitou-se a apresentar as ideias fundamentais sobre a resolução de problemas geométricos com utilização da Álgebra. Porém, é curioso observar que o sistema hoje denominado cartesiano não tem amparo histórico, pois sua obra nada contém sobre eixos perpendiculares, coordenadas de um ponto e nem mesmo a equação de uma reta. No entanto, Descartes “mantém um lugar seguro na sucessão canônica dos altos sacerdotes do pensamento, em virtude da têmpera racional de sua mente e sua sucessão na unidade do conhecimento. Ele fez soar o gongo e a civilização ocidental tem vibrado desde então com o espírito cartesiano de ceticismo e de indagação que ele tornou de aceitação comum entre pessoas educadas” (George Simmons). Segundo ainda este proeminente autor, La Géométrie “foi pouco lida então e menos lida hoje, e bem merecidamente”.


E não há como resistir à tentação de expor um tópico lendário da Matemática: o Último Teorema de Fermat. Em 1637, estudando um exemplar da Aritmética, de Diofanto (séc. III d.C.), Fermat deparou-se com o teorema:
A equação xn + yn = zn não admite solução para x, y, z inteiros e positivos, quando o expoente n for inteiro, positivo e maior que 2.

No livro de Diofanto, Fermat anotou: “encontrei uma demonstração verdadeiramente admirável para este teorema, mas a margem é muito pequena para desenvolvê-la”. Naturalmente, há quem duvide que ele tenha dito a verdade. Porém, além de íntegro, moralmente idôneo, hábil na teoria dos números, lembramos que Fermat jamais cometeu um engano ou disparate matemático. Gerações inteiras de matemáticos têm maldito a falta de espaço daquela margem. Por mais de três séculos, praticamente todos os grandes expoentes da Matemática (entre eles Euler e Gauss) debruçaram-se sobre o assunto. Com o advento dos computadores foram testados milhões de algarismos com diferentes valores para x, y, z e n e a igualdade xn + yn = zn não se verificou. Assim, empiricamente, comprova-se que Fermat tenha razão. Mas e a demonstração? Que tal um projeto para as suas próximas férias e alcançar a imortalidade?! Além disso, um renomado empresário e matemático alemão – Paul Wolfskehl – na noite que decidira suicidar-se em sua biblioteca, depara com o Último Teorema de Fermat, e muda de ideia. Em seu testamento, deixou em 1906 a quantia de cem mil marcos para quem o demonstrasse.

Em 1993, Andrew Wiles, matemático da Universidade de Princeton (EUA), após trinta anos de fascínio, interrupções e paciente obstinação, apresentou a sua demonstração em 140 páginas. A notícia ocupou espaço nos noticiários do mundo inteiro. Bom demais para ser verdadeiro: matemáticos encontram um erro. Mais uma vítima do enigma de Fermat? Em 1996, Wiles reapresenta a demonstração e sobre a qual não há qualquer contestação.

Cumpre esclarecer que Wiles utilizou conceitos avançadíssimos, com os quais Fermat nem poderia ter sonhado. Assim chega ao fim uma história épica na busca do Santo Graal da Matemática.

Propiciando notáveis avanços em vários ramos da Matemática, a saga de 359 anos de tentativas, erros e acertos está admiravelmente descrita no livro: o Último Teorema de Fermat, do autor inglês Simon Singh, com 300 páginas.

E o que pensa a comunidade dos matemáticos a respeito de Fermat? A maioria admite que ele escreveu com convicção que “a margem do livro era muito pequena”, porém sua demonstração possuía erros.

Jocoso é o nova-iorquino anônimo que grafitou numa estação de metrô: xn + yn = zn
Descobri uma demonstração admirável para este teorema... porém, o trem está chegando! Que pena! Maldito trem!

7 de ago. de 2011

Números Complexos



Os números complexos apareceram no século XVI ao longo das descobertas de procedimentos gerais para resolução de equações algébricas de terceiro e quarto grau. No século XVII os complexos são usados de maneira tímida para facilitar os cálculos. No século XVIII são mais usados na medida que se descobre que os complexos permitem a conexão de vários resultados dispersos da Matemática no conjunto dos números reais. No entanto, nada é feito para esclarecer o significado desses novos números. No século XIX, aparece a representação geométrica dos números complexos, motivada pela necessidade em Geometria, Topografia e Física, de se trabalhar com o conceito de vetor no plano. Os números complexos passam a ser aplicados em várias áreas do conhecimento humano, dentro e fora da Matemática.

A primeira aplicação de números complexos à teoria de circuitos elétricos parece ter sido realizada pelo cientista alemãoHermann von Helmholtz (1821-1824). A aplicação de números complexos na análise de circuitos elétricos de corrente alternada (CA) foi disseminada nos Estados Unidos por Arthur Edwin (1861-1939) e Charles Steinmetz (1865-1923) com auxílio de Julius Berg (1871-1941) no final do século XIX. Em 1823, Edwin adotou o termo Impedância (inventado porHeaviside) assim como os números complexos para os elementos dos circuitos elétricos CA, o que foi seguido por Steinmetz. Desde então, os números complexos são fundamentais para a Engenharia Elétrica

Em circuitos de corrente alternada, por exemplo, as instalações elétricas residenciais, as grandezas elétricas são analisadas com o auxílio dos números complexos, o que facilita muito os cálculos.

24 de jul. de 2011

Raiz Quadrada

Processo para extrair a Raiz Quadrada de um número.


Como fazer para extrair a raiz quadrada de um número sem usar a calculadora?
Antigamente, antes do advento da calculadora, era desse modo que se extraia a raiz quadrada de um número. Aliás, o que a calculadora faz, nada mais é do que aplicar esse método (esse algoritmo) automaticamente.
Hoje é difícil achar alguém que saiba fazer isso, simplesmente porque não se ensina mais. E se ninguém ensina ninguém aprende, ninguém sabe, ninguém faz.
Vou mostrar esse algoritmo para possibilitar aos interessados que o aprendam. Se não para usá-lo constantemente (hoje as calculadoras facilitam a vida), pelo menos para demonstrar uma cultura inútil um pouco mais elevada.
Vou usar um exemplo para que o entendimento seja mais fácil.
Seja extrair a raiz quadrada do número:    


 1º) Separa-se o número em classes de 2 algarismos a partir da direita, não importando que a última classe da esquerda tenha somente 1 algarismo:

As classes são contadas da esquerda para a direita: 1ª classe é o 3; 2ª classe é o 20; 3ª classe é o 41

2º) Agora vamos construir um ângulo, que vai ser onde vai ficar a raiz:


3º) Procura-se o maior quadrado perfeito contido na 1ª classe (o maior quadrado perfeito contido no número 3 é o 1).
      Extrai-se a raiz quadrada desse número (no nosso caso a raiz quadrada de 1 é 1), e colocamos esse resultado no ângulo destinado à raiz:


4º) Eleva-se a raiz achada ao quadrado e subtrai-se da primeira classe:


5º) Baixa-se a classe seguinte:


6º) No número então formado separa-se um algarismo a partir da direita.
       Dobra-se a raiz (no nosso caso 1 então 2 x 1 = 2).  Coloca-se esse resultado sob o ângulo das raiz.


7º) Divide-se o número que ficou à esquerda do ponto (número 22) pelo dobro da raiz (número 2).
       Coloca-se esse quociente (que não pode ser maior que 9) à direita do dobro da raiz. No nosso caso o quociente deu maior que 9 então começamos pelo número 9.


8º) Caso o produto seja maior que o número baixado no radicando, deve-se colocar como quociente um número menor. No nosso caso, 261 é maior que 220, então o 9 não serve, vamos colocar como quociente o número 8 ao invés do 9 e repetir o processo.


9º) Como 224 ainda é maior que 220, o número 8 também não serve, teremos que colocar como quociente o número 7. Esse processo deverá ser repetido até encontrarmos um produto menor que o número baixado:


10º) Como 189 é menor que 220, o número 7 serve. Coloca-se então esse quociente, que serviu, à direita da raiz.
        Pega-se o produto que serviu e subtrai-se do número baixado:


 11º) Prossegue-se agora, recomeçando da 5ª fase, ou seja: baixa-se a classe seguinte e separa-se um algarismo a partir da direita:


12º) Dobra-se a raiz achada (2 x 17 = 34). Coloca-se esse dobro sob o ângulo da raiz.


13º) Divide-se o número que ficou à esquerda da separação por esse dobro (314 : 34 = 9) e coloca-se o quociente à direita do dobro. Multiplica-se o número formado (349) por esse quociente (9) e subtrai-se o resultado (349 x 9 = 3141) do número baixado (3141). O número 9 serviu, pois o produto não é maior que o número baixado. Coloca-se então o novo quociente à direita da raiz, formando o número 179 que é a raiz quadrada de 32 041.


14º) O processo deve ser repetido até a última classe. Se sobrar resto, a raiz não vai ser exata, mas dá para continuar pelo mesmo processo e achar as casas após a vírgula.

Fonte: http://www.sofazquemsabe.com/2010/10/processo-para-extrair-raiz-quadrada-de.html

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